O que escuto pelas frestas e portas do banheiro de um shopping me convida à reflexão.
Ao entrar, uma voz infantil logo chama minha atenção: - Mãe! Me ajuda!
Em seguida reverbera um tom áspero e intolerante que, aos gritos,
acelera a criança. Com uns cinco anos de idade a pequena mal tem tempo de
terminar de fazer o seu xixi.
Diante do incômodo da cena, me afasto e fico pensando, o que está
acontecendo?
Como as crianças estão sendo tratadas e ensinadas? Devem ter pressa, não
devem sentir e nem atender suas
necessidades. Enfim, na maioria das vezes, também não podem ser crianças. Como
estamos dando a elas o direito de viverem a idade que tem?
Em minhas andanças e observações fico sempre com a sensação da
inadequação da infância. Como se fosse inadequado uma criança querer ser
criança e ter atitudes infantis.
Complicamos a vida dos pequenos e dos adultos com o que gosto de chamar
"complicâncias".
Complicâncias = correria, gritaria, exigências....
O que é simples ficou perdido e há uma necessidade urgente para o
retorno as coisas mesmas.
Vamos voltar e sentir o cheirinho de bolo no forno, pular corda e rir
até chorar por não conseguir, pular elástico até cair, chupar manga com caldo
escorrendo entre as mãos, ir à feira e provar todas as opções...
Hum!!! Talvez esteja nostálgica, mas a cada possibilidade de experienciar
a vida no aqui e agora, ficamos exatamente onde o nosso corpo está, no presente
que é precioso para nossa saúde.
O tempo vai passar as crianças vão crescer, viver, aprender, sofrer... E
o que ficará será o gosto da experiência vivida e da relação sentida.
Redação: Claudia Venancio - CRP 05/23930 Psicóloga;
Gestalt-terapia. claudiavenancio@globo.com
Edição: Janete Rocha
de Oliveira – - CRP 05/ 45757 Psicóloga
e Hipnoterapeuta. janete.rocha50@gmail.com