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sábado, 16 de janeiro de 2016

Banheiro de shopping: um convite à reflexão

O que escuto pelas frestas e portas do banheiro de um shopping  me convida à reflexão.
Ao entrar, uma voz infantil logo chama minha atenção: - Mãe! Me ajuda!
Em seguida reverbera um tom áspero e intolerante que, aos gritos, acelera a criança. Com uns cinco anos de idade a pequena mal tem tempo de terminar de fazer o seu xixi.
Diante do incômodo da cena, me afasto e fico pensando, o que está acontecendo?
Como as crianças estão sendo tratadas e ensinadas? Devem ter pressa, não devem sentir  e nem atender suas necessidades. Enfim, na maioria das vezes, também não podem ser crianças. Como estamos dando a elas o direito de viverem a idade que tem?
Em minhas andanças e observações fico sempre com a sensação da inadequação da infância. Como se fosse inadequado uma criança querer ser criança e ter atitudes infantis.
Complicamos a vida dos pequenos e dos adultos com o que gosto de chamar "complicâncias".
Complicâncias = correria, gritaria, exigências....
O que é simples ficou perdido e há uma necessidade urgente para o retorno as coisas mesmas.
Vamos voltar e sentir o cheirinho de bolo no forno, pular corda e rir até chorar por não conseguir, pular elástico até cair, chupar manga com caldo escorrendo entre as mãos, ir à feira e provar todas as opções...
Hum!!! Talvez esteja nostálgica, mas a cada possibilidade de experienciar a vida no aqui e agora, ficamos exatamente onde o nosso corpo está, no presente que é precioso para nossa saúde.
O tempo vai passar as crianças vão crescer, viver, aprender, sofrer... E o que ficará será o gosto da experiência vivida e da relação sentida.

 Redação: Claudia Venancio - CRP 05/23930 Psicóloga; Gestalt-terapia.  claudiavenancio@globo.com

 Edição: Janete Rocha de Oliveira – -  CRP 05/ 45757 Psicóloga e Hipnoterapeuta.  janete.rocha50@gmail.com

4 comentários:

  1. Andrea S. de Siqueira18 de janeiro de 2016 às 14:27

    Se os pais soubessem como coisas simples os aproximam das crianças: e elas adoram. Vamos fazer um bolo? Vamos fazer aquela receita de biscoito? Eles curtem, na simplicidade do dia a dia, ajudar, ficar junto com a mae/pai e depois ver o resultado... Hoje meu filho, ja pre adolescente , me pede na Pascoa: mae, quero o caminho de ovinhos de chocolate para procurar minha cesta.. e eu que pensava que isso iria ser esquecido com o tempo passando.. mas virou uma doce lembrança de infância ...

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  2. Thatianna R. C. Pinheiro18 de janeiro de 2016 às 19:55

    Muito bom o texto!!! Vamos viver mais o agora...

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  3. Boa observação. Muito importante falar sobre isso... Chamar a atenção para os afetos amorosos, que estão perdidos em meio a tanta correria e consumo. É preciso desacelerar... Olhar nos olhos dos filhos,não somente ter fotos para redes sociais... sentir o cheirinho, abraços, beijos, ouvir o que eles tem a dizer... É preciso estar junto.
    Adorei Claudia! :)
    Laís Fonseca.

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  4. Esse "pulo" de fases/etapas da vida acaba por nos apresentar pessoas que não possuem um autoconhecimento. A criança precisa agir como adulto e perde a noção do que é ser criança, assim como acontece com os adolescentes. Quando chegam na idade adulta acabam por se tornarem pessoas incompletas, pois não reconhecem o que é ser criança e/ou adolescentes, logo, também, não sabem ser adultos.
    Que possamos aproveitar e explorar mais cada fase das nossas vidas!
    Parabéns pelo texto, Cláudia Venâncio e Contato!

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